Ela me disse "minha mãe foi pra Itália me trouxe uma lava-louças Prada ". Achei que ela estava exagerando, ou tirando sarro da minha cara, mas ela falava sério, como vim a descobrir mais tarde.
Um dia ela me convidou para um almoço na sua casa. Assim que entrei, vi que ela não exagerava mesmo: nunca tinha entrado numa casa tão grande ou tão rica. Salas que pareciam não ter fim, quatro ou cinco criadas, até um quarto só para suas roupas ela tinha. E eu pensava "se ficar com ela, serei rica e viverei uma vida de princesa", mas logo me arrependi de ser tão superficial. Ademais, nunca quis que ninguém me sustentasse , não ia ser agora que iria querer. Havia outras pessoas lá, amigos e familiares dela. Hora do almoço, nos sentamos, mas nem todos. Ela e algumas outras pessoas tardavam a vir para a mesa, detidos não sei por que razão. Alguns dos convidados, tentados pelas iguarias incrivelmente sofisticadas e cheirosas que já se encontravam dispostas sobre a mesa, e certamente famintos, começaram a comer. "Que falta de educação", pensei, "vou esperar até que ela e os outros estejam sentados". E esperei. Infelizmente, quando isso aconteceu e fui pegar um prato, vi que todos estavam sujos. Fui até a cozinha, onde três empregadas estavam ocupadas com a arrumação, e foi aí que testemunhei que ela tinha, de fato, uma lava-louças Prada, que mais parecia um frigorífico de tão grande. E foi lá mesmo que o prato foi lavado, pois as moças não lavavam nada manualmente.
Voltei para a mesa do almoço, onde descobri que quase toda a comida havia acabado. Os grandes camarões empanados, as codornas recheadas, os pãezinhos de todas as cores, deles nada restava. Só haviam sobrado os pratos menos apetitosos - os legumes grelhados, os cogumelos e os pães sem muita cor. Eu, que nesta altura já estava esfomeada, me servi desses mesmos, fazer o quê.
Após o almoço - o meu um tanto fraco -, ela me levou para ver o tal closet gigante, onde ficavam todas as suas roupas. Era um quarto longo e estreito, no qual grandes armários ocupavam toda a extensão das paredes laterais. Perguntei a ela se não era desconfortável ter de andar tanto (afinal, as distâncias na sua casa eram grandes) para poder se vestir. Ela disse que não. Enquanto andávamos pelo closet e ela me mostrava seus vestidos Dolce e Gabanna, suas bolsas Gucci e seus sapatos Laboutin, eu olhava para ela e pensava como era bonita. E milionária. E eu, que fui dos poucos que tiveram educação suficiente à mesa, nunca teria uma casa ou uma vida como aquelas.
Tudo bem, não saberia mesmo como operar uma lava-louças Prada. Mas adoraria um closet daqueles...
Um dia ela me convidou para um almoço na sua casa. Assim que entrei, vi que ela não exagerava mesmo: nunca tinha entrado numa casa tão grande ou tão rica. Salas que pareciam não ter fim, quatro ou cinco criadas, até um quarto só para suas roupas ela tinha. E eu pensava "se ficar com ela, serei rica e viverei uma vida de princesa", mas logo me arrependi de ser tão superficial. Ademais, nunca quis que ninguém me sustentasse , não ia ser agora que iria querer. Havia outras pessoas lá, amigos e familiares dela. Hora do almoço, nos sentamos, mas nem todos. Ela e algumas outras pessoas tardavam a vir para a mesa, detidos não sei por que razão. Alguns dos convidados, tentados pelas iguarias incrivelmente sofisticadas e cheirosas que já se encontravam dispostas sobre a mesa, e certamente famintos, começaram a comer. "Que falta de educação", pensei, "vou esperar até que ela e os outros estejam sentados". E esperei. Infelizmente, quando isso aconteceu e fui pegar um prato, vi que todos estavam sujos. Fui até a cozinha, onde três empregadas estavam ocupadas com a arrumação, e foi aí que testemunhei que ela tinha, de fato, uma lava-louças Prada, que mais parecia um frigorífico de tão grande. E foi lá mesmo que o prato foi lavado, pois as moças não lavavam nada manualmente.
Voltei para a mesa do almoço, onde descobri que quase toda a comida havia acabado. Os grandes camarões empanados, as codornas recheadas, os pãezinhos de todas as cores, deles nada restava. Só haviam sobrado os pratos menos apetitosos - os legumes grelhados, os cogumelos e os pães sem muita cor. Eu, que nesta altura já estava esfomeada, me servi desses mesmos, fazer o quê.
Após o almoço - o meu um tanto fraco -, ela me levou para ver o tal closet gigante, onde ficavam todas as suas roupas. Era um quarto longo e estreito, no qual grandes armários ocupavam toda a extensão das paredes laterais. Perguntei a ela se não era desconfortável ter de andar tanto (afinal, as distâncias na sua casa eram grandes) para poder se vestir. Ela disse que não. Enquanto andávamos pelo closet e ela me mostrava seus vestidos Dolce e Gabanna, suas bolsas Gucci e seus sapatos Laboutin, eu olhava para ela e pensava como era bonita. E milionária. E eu, que fui dos poucos que tiveram educação suficiente à mesa, nunca teria uma casa ou uma vida como aquelas.
Tudo bem, não saberia mesmo como operar uma lava-louças Prada. Mas adoraria um closet daqueles...
3 comentários:
Oi, Dulce. Farejando letras em seu blog. É impressão minha ou você saiu com fome?...rs... Sorry, mas achei o texto engraçado. Diria bizarro no melhor dos sentidos e adoro bizarrices factuais. Me divertem ao extremo.
Quanto ao livro "O Sol É Para Todos", leia. Vencedor do Prêmio Pulitzer de 1961 (se não me engano), ganhou uma versão para o cinema em 1962. Um clássico dos clássicos com Gregory Peck. Só não vale chorar no final.
Abraços,
Kriz
Oras,Dulce através do espelho:quantos fatos interessantes e aparentemente desconexos,você encolheu,a casa cresceu,a lava-louças era gigante,mas a comida era pouca.Que barbaridade deliciosa.Concordo com a moça aí de cima,pois,uma das definições de Bizarro é "aprumado no vestir".Beijos.
Meninas, que bom que vocês curtiram o nonsense extremado deste meu textinho, que na verdade foi inspirado em um sonho que tive esta semana... achei minha criatividade/bizarrice subconsciente tão interessante que não podia deixar passar, rsrs. E vc tem razão, Kriz, realmente saí com fome, com várias fomes, diria.
Obrigada pelos comentários!
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