DISCLAIMER
Este blog não tem pretenções literárias. Todos os textos postados aqui são produto de uma mente um tanto inquieta e, como tal, em constante busca de respostas para as inúmeras perguntas que teimam em surgir sem serem convidadas. Leitores que caírem, propositalmente ou não, nesta toca devem, portanto, abster-se de julgamentos de valor e tentar ler esses pequenos posts sem preconceitos...


quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O desejo-monstro e o cinema americano

Ontem à noite, zapeando sem muita vontade pelos canais a cabo, deparei-me com uma reprise de "Instinto Selvagem" no telecine pipoca. Após espantar-me com a estranha escolha deste canal em particular para a exibição de um filme tão perturbador, decidi assisti-lo por alguns minutos, já que não o via há pelo menos uns 12 anos e lembrava-me de que ele continha algumas cenas, assim, interessantes...
O que não lembrava era que o interessante do filme vai além das tais cenas; não sou psicanalista nem ao menos psicóloga, mas fiz (e faço) muuuuita terapia e acho que esse roteiro vai fundo em questões muito incrustadas na psique humana, em especial a do desejo como algo que devemos temer. A cena que escancara essa imagem é uma em que o personagem de Michael Douglas é despertado de uma soneca à frente da TV por um telefonema . Enquanto na tela um monstro horrível persegue a mocinha em um velho filme de terror, o nosso mocinho recebe a notícia de que seu chefe acabou de ser assassinado com um tiro. A principal suspeita? A mulher pela qual o protagonista está sexualmente atraído, num desejo que beira a obsessão. Mais claro, impossível.
O filme tem muitas viradas e, logicamente, perseguições, mentiras, tiros e assassinatos. Mas nada disso me marcou mais do que o desejo-personagem - na verdade o principal protagonista - que, como o monstro do velho filme, mais cedo ou mais tarde vai nos pegar. Seja pela culpa, pela paixão não correspondida ou por alguma doença venérea. Ou, no caso do personagem principal do filme, por golpes de triturador de gelo.
E tudo isso porque, um belo dia, alguém achou por bem distorcer as palavras de um suposto messias a fim de exercer o poder sobre nós, os pobres mortais. Acabou com nossa alegria, mas pelo menos garantiu o alto poder de entretenimento do cinema americano...

3 comentários:

Anônimo disse...

Entre um certo livro que inventaram sobre um suposto deus que não tinha o que fazer e o triturador de gelo, fico com o triturador,obrigada.Beijos.

O Profeta disse...

Olhos brilhantes maré tardia
Cabelos rebeldes em desalinho
Pés descalços no, frio barro
Um berlinde atirado ao caminho

Um bando de alegres pardais
Ou um domador de tempestades
Apenas um pássaro charlatão
Dividindo o pão em metades


Vem mergulhar com os Capitães do Calhau


Mágico beijo

Olga disse...

Também não assisto ao filme há anos, mas nunca havia reparado na cena que você descreveu e analisou tão bem. Fiquei com vontade de revê-lo, embora (tenho que confessar) não tenha olhos tão atentos quanto os seus e me deixe levar cegamente pela euforia de quem adora filme (muitos lixos e alguns poucos mais maduros que me salvam da total ignorância de espectadora fanática).