DISCLAIMER
Este blog não tem pretenções literárias. Todos os textos postados aqui são produto de uma mente um tanto inquieta e, como tal, em constante busca de respostas para as inúmeras perguntas que teimam em surgir sem serem convidadas. Leitores que caírem, propositalmente ou não, nesta toca devem, portanto, abster-se de julgamentos de valor e tentar ler esses pequenos posts sem preconceitos...


sábado, 3 de maio de 2008

VADE-RETRO, CLICHÊ!


Pensando sobre algumas razões para meu medo de me expressar em linguagem escrita que possam ir além da já comentada localização infeliz de Mercúrio na casa 12 do meu mapa astral, cheguei à brilhante conclusão de que um dos meus maiores medos ao escrever é o de não conseguir resistir aos famigerados clichês que assombram os que, como eu, não têm a sorte de ser um Mia Couto, e têm que se satisfazer com as palavras e frases às quais estão acostumados, mesmo... o problema é que a língua é uma ilha cercada de clichês por todos os lados: eles estão no trabalho, na TV, nas músicas, até na literatura. Há quem defenda o uso do clichê, se bem utilizado, mas aí me pergunto: como utilizar bem um clichê?? Não, pra isso é preciso MUITA habilidade, coisa que (ainda) não tenho. Prefiro tentar me livrar deles. O problema é que eles estão tão enraizados na minha linguagem que o único modo que consigo pensar de talvez conseguir me livrar dos danados seria realizando um verdadeiro exorcismo de clichês.
Fiquei, então, imaginando como esse exorcismo seria... primeiro, quem eu iria contratar pra ser o exorcista?? É claro que essa tarefa dificílima só poderia ser enfrentada por um membro da Academia, mas não qualquer um... hmm... Paulo Coelho e Nélida Piñon já estão fora... talvez um João Ubaldo ou um Carlos Heitor. Já consigo até imaginar um possível diálogo entre o Acadêmico e os clichês-demônios, algo mais ou menos assim:
Acadêmico: Quem são os demônios que ocupam essa mente?
Clichês-demônios: xii, somos uma Legião, moço, damos mais que chuchu na cerca...
-Manifestem-se!!
-Pode tirar seu cavalinho da chuva, mermão!
-Em nome de Machado de Assis, eu ordeno que deixem essa mulher em paz!
-Mas nem que a vaca tussa!
E daí por diante... infelizmente, porque até que ia ser engraçado, esse exorcismo só é possível na minha imaginação, então não temos como saber qual seria o desfecho dele... mas tenho a incômoda sensação de que o acadêmico iria ser vencido pelo cansaço. E o clichê que acabei de usar não me deixa mentir!... ai não, mais um... é, parece que essa novela ainda vai longe! Se não pode vencê-los, una-se a eles!!
Um agradecimento especial a minha amiga Cris, por ter desenhado a engraçadíssima charge acima!!!

7 comentários:

Cris disse...

Muito bom! Muito bem humorado! Que beleza! Escrevendo e ainda fazendo piadinha ao mesmo tempo, isso é ótimo! Nada melhor que bom humor pra começar um sábado de sol, que promete!

Agora, "vem cá"! "Mermão"??? Você colocou os clichês-demônios como cariocas? Isso não se faz! É provocação!!! Ou melhor, perseguição! rsrsrsrs

Vou invocar o Drummond, que apesar de mineiro, tinha alma carioca!

A propósito, acabei de ver um clichê pedindo "um chopps e dois pastel" ali na esquina e ainda soltando um "orra meu" quando soube que tinha pastel sabor pizza!

Fala sério!

Parabéns pelo texto! Está começando a ficar mais solto, mais leve! Está num bom caminho, eu acho!

Beijos cariocasssssss, sem clichêssssss.

Pati Cytrynowicz disse...

Mim irrrrmã, gosssstei do seu texxxxxxto. De palavra em palavra a escritora enche a folha! bjs.

Bruno Cobbi disse...

DESENCAPETAMENTO TOTAL!!! =D

Ursulla Mackenzie disse...

Viva o exorcismo!!!Gostei muito do estilo e humor!Parabéns!!!

Safyra disse...

Muito bom texto! E a veia literária começa a aflorar com força total...

Safyra disse...

Escreve claro quem concebe ou imagina claro; com vigor, quem com vigor pensa, por ser a língua um vestido transparente do pensamento.


MIGUEL UNAMUNO

Retrix disse...

Será que teremos aulas de exorcismo de clichê? Taí um bom tema.
Beijos