"Nossa, vocês que têm Mercúrio na 12a casa não falam!!" disse ontem o professor de astrologia, durante uma palestra sobre Mercúrio, deus da comunicação, e seu aspecto em nosso mapa astral, que, segundo a astrologia, determina nosso modo de nos comunicarmos.
Não posso negar que fiquei um pouco ofendida com essa crítica tão incisiva do professor ao meu estilo de comunicação - ou de falta dela -, do qual, aparentemente, o grande culpado é um aspecto infeliz de Mercúrio na 12a casa, a casa do inconsciente e dos nossos medos mais profundos... segundo a astrologia, essa combinação tenderia a me tornar uma pessoa com grande dificuldade de me expressar.
Por outro lado, achei fascinante o fato de que, sob essa visão, é claro, meu dom de comunicar esteja tão intrinsecamente vinculado ao meu inconsciente: costumo dizer que meus sonhos são tão criativos, tão incrivelmente repletos de imagens e simbologias inusitadas, que não é possível que em algum lugar da minha mente consciente eu não seja, igualmente, criativa!... O grande problema, me parece, está justamente em conseguir colocar tudo isso que eu percebo, sinto, intuo, mesmo, "para fora", por meio das palavras. É justamente por isso que tantas vezes me pego tentando explicar um sonho particularmente rico que tive, que SEI que é rico e imaginativo, mas não consigo achar as palavras para narrá-lo...
Hoje, entretanto, ao ler uma conversa entre o escritor inglês Ian McEwan e o psicólogo e estudioso da linguagem Steven Pinker, me senti ao menos levemente aliviada, redimida, até, desse "pecado" mortal de muitas vezes não conseguir me expressar em palavras. Num dado momento da conversa, Pinker afirma que "o pensamento precede as palavras", indo, inclusive, na contra-mão da maioria dos lingüistas, que acredita não haver pensamento sem linguagem.
Embora seja, eu mesma, lingüista, nunca concordei com esse determinismo, que sempre me pareceu forçado, talvez justamente porque eu mesma tantas vezes tive pensamentos que não conseguia expressar em linguagem verbal!
A palestra de ontem e a descoberta desse interessante, mas complicado, vínculo entre meu Mercúrio e meu inconsciente me deu muito que pensar, e me fez voltar à primeira razão para minha vontade de escrever, que exprimi na minha última postagem neste blog: escrever para vencer o medo de escrever. Será que esse medo vem justamente dessa necessidade que sinto de expressar meus pensamentos, emoções e sensações mais profundas por meio da palavra escrita? Será esse meu estilo de criação, minha limitação?
Bendito Mercúrio na 12a casa!!
Não posso negar que fiquei um pouco ofendida com essa crítica tão incisiva do professor ao meu estilo de comunicação - ou de falta dela -, do qual, aparentemente, o grande culpado é um aspecto infeliz de Mercúrio na 12a casa, a casa do inconsciente e dos nossos medos mais profundos... segundo a astrologia, essa combinação tenderia a me tornar uma pessoa com grande dificuldade de me expressar.
Por outro lado, achei fascinante o fato de que, sob essa visão, é claro, meu dom de comunicar esteja tão intrinsecamente vinculado ao meu inconsciente: costumo dizer que meus sonhos são tão criativos, tão incrivelmente repletos de imagens e simbologias inusitadas, que não é possível que em algum lugar da minha mente consciente eu não seja, igualmente, criativa!... O grande problema, me parece, está justamente em conseguir colocar tudo isso que eu percebo, sinto, intuo, mesmo, "para fora", por meio das palavras. É justamente por isso que tantas vezes me pego tentando explicar um sonho particularmente rico que tive, que SEI que é rico e imaginativo, mas não consigo achar as palavras para narrá-lo...
Hoje, entretanto, ao ler uma conversa entre o escritor inglês Ian McEwan e o psicólogo e estudioso da linguagem Steven Pinker, me senti ao menos levemente aliviada, redimida, até, desse "pecado" mortal de muitas vezes não conseguir me expressar em palavras. Num dado momento da conversa, Pinker afirma que "o pensamento precede as palavras", indo, inclusive, na contra-mão da maioria dos lingüistas, que acredita não haver pensamento sem linguagem.
Embora seja, eu mesma, lingüista, nunca concordei com esse determinismo, que sempre me pareceu forçado, talvez justamente porque eu mesma tantas vezes tive pensamentos que não conseguia expressar em linguagem verbal!
A palestra de ontem e a descoberta desse interessante, mas complicado, vínculo entre meu Mercúrio e meu inconsciente me deu muito que pensar, e me fez voltar à primeira razão para minha vontade de escrever, que exprimi na minha última postagem neste blog: escrever para vencer o medo de escrever. Será que esse medo vem justamente dessa necessidade que sinto de expressar meus pensamentos, emoções e sensações mais profundas por meio da palavra escrita? Será esse meu estilo de criação, minha limitação?
Bendito Mercúrio na 12a casa!!
2 comentários:
Duplo parabéns Dulce-Alice! Primeiro pelo texto, claro e objetivo. Segundo por você conseguir ver algo tão positivo em um aspecto que foi colocado pelo palestrante como negativo.
Fico muito feliz em ver seu olhar sobre as coisas se diferenciando, transformando o "aparente negativo" em um estímulo propulsor para o desenvolvimento pessoal, que é algo super positivo.
Quanto à sua criatividade, ela existe e não é pouca não, está literalmente "escrito em sua testa", rsrsrs. ;-)
É só deixar sair para fora das "paredes de vidro", para que sejam vistas sem nenhuma distorção ilusória.
Beijos, Cris.
Só comentando sobre o pensamento preceder a linguagem: acredita-se que os bebês tenham pensamento, no entanto, não articulado, pela falta de uma língua. Dizem, então, do pensamento deles ser como quadros de um filme, um não necessariamente ligado ao outro. É algo mais ou menos como a criança olhar uma cena e a cena ser capturada num único quadro, e por ela ainda não ter adquirido a língua não tem elementos para decompô-lo em significados. É isso. :P
Thiago
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