“Why can’t I free your
doubtful mind and melt your cold, cold heart?”
Nessa canção, Norah Jones fala da dificuldade de ganhar a confiança do homem que ela ama e derreter um coração esfriado por uma desilusão amorosa. Em certa parte da música ela diz que “um amor antigo deixou seu coração frio e triste, e agora o meu coração está pagando por algo que não fiz...”
Com o tempo, no entanto, essa realidade muda... Já não temos mais a
plasticidade e a sede de novas experiências que tínhamos na juventude, e as dores
de tantas relações mal sucedidas vão, cada vez mais, deixando marcas indeléveis. E quando e gente se dá conta percebe que nossas mentes se tornaram
desconfiadas e nossos corações esfriaram...
O que fazer, então, quando duas pessoas que chegaram a esse ponto
em suas vidas se encontram? Como tentar libertar uma mente em dúvida quando a
sua própria te manda ter cuidado? E como pode um coração já esfriado por tantas
desilusões aquecer outro nas mesmas condições?...
É engraçado que, ao escrever essas últimas palavras,
lembrei-me de uma cena que, em qualquer outra circunstância, seria inteiramente
mundana e sem grande importância, mas que em uma dessas incríveis coincidências
da vida, resume tudo isso que eu estou tentando expressar neste texto, e de
lambuja envolve as mesmas duas pessoas a quem me refiro aqui.
Nesta última terça-feira fui encontrar o homem com quem
estou saindo há poucas semanas. A noite estava
incomumente fria e nos pegou a todos de surpresa. A um dado momento, ele segurou
minha mão e disse, “eu queria te aquecer, mas minhas mãos também estão frias...”
Acontece que, embora as duas mãos estivessem frias, o proximidade delas acabou
por aquecer a ambas.
Pena que não seja tão fácil assim aproximar dois corações
frios...
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