Após mais de três anos, estou finalmente de volta à minha toca do coelho. Confesso que estava sentindo falta destes encontros comigo mesma, neste lugar que, apesar de acessível a todos, é na verdade acessado por tão poucos. Bom, suponho que até este aparente paradoxo tem tudo a ver comigo. A verdade é que a principal razão de eu ter decidido a voltar a postar aqui foi o meu retorno à minha antiga terapeuta e uma de minhas mais fiéis leitoras. Afinal, estes meus escritos sempre foram mais uma ferramenta terapêutica do que, propriamente, textos literários. Nunca tive, e certamente não tenho agora, nenhuma pretensão de fazer deles nada além do que realmente são, reflexões pessoais de uma pessoa em busca de si mesma.
Mais uma evidência disso é que meus sonhos sempre foram um material importantíssimo nestes textos, vários dos quais foram baseados ou inspirados neles. E este post não é diferente. Nele quero relatar um sonho que tive esta noite e que teve importância especial para mim.
Eu estava com uma família. Aparentemente normal, mãe, pai e filhos. O interessante é que, embora soubesse que o casal tinha mais filhos, só me lembro de um. Um menino, cinco ou seis anos, que, assim que me viu, me abraçou forte e me disse que eu era bonita e cheirava bem. Lembro-me de pensar como esse tipo de demonstração de carinho é raro em meninos, que geralmente preferem brigar e chutar como forma de afeição. Mas gostei muito da experiência.
A um certo ponto, entramos em um carro para ir à casa deles. O marido, então, me disse que lia tarô, e eu achei isso também surpreendente. Ele não tinha cara de quem lia tarô. Até aí, desconfiava que essa família aparentemente tão ordinária na verdade era bastante diferente. A casa deles também fugia do normal, com cômodos amplos, que incluíam uma grande jacuzzi onde a família se reunia. Comecei então a conversar com a esposa, que era professora de inglês à noite e me disse que, embora fosse judia, tinha "mandado a tradição judia dela às favas". Achei aquilo muito rebelde e gostei imediatamente. Gostei também dos cabelos dela, pintados de um vermelho intenso. Mais tarde fomos todos à mesa de jantar e continuamos conversando. A última coisa da qual me lembro é de ter me olhado no espelho e me visto jovem e bela, e pensado "ela (a esposa) parece muito mais velha do que eu."
Para mim, está claro que ambas, a "eu" no sonho e a esposa, são, na verdade, eu mesma. A eu que é solteira inveterada, que se espanta tremendamente com o afeto vindo de um menino, e a eu que, no fundo, queria muito ter uma família, mas uma família como essa, tão normal na superfície, mas no fundo tão extraordinária.
Outras interpretações possíveis (e há várias, inclusive algumas muito pertinentes do meu namorado, que, muito possivelmente está no sonho tanto na criança como no marido), ficarão para a minha sessão da segunda-feira.
Um comentário:
Seus textos como sempre ótimos, li todos...
PARABÉNS...
Mas...e a sessão de segunda-feira?
bjs
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