Faz bem pouco tempo que retomei essas sessões, que antes eram às quartas-feiras, agora são às segundas-feiras; antes eram cedinho, quando meu dia ainda estava começando e eu me preparando pra correria do trabalho, agora são no final do dia, quando eu já estou cansada e pronta pra ir pra casa, cair no meu sofá e relaxar. Antes disso, entretanto, dirijo-me ao bairro de Moema. Subo ao 60 andar, sempre com alguma apreensão, alguma ansiedade: sei como estou entrando, mas como será que vou sair, daqui a uma hora? A única certeza que tenho é que não sairei igual. Daqui a curtos 60 minutos eu já serei um pouquinho diferente.
Ela abre a porta, e nunca esquece de me oferecer algo, um café, uma água de coco, sempre a mesma gentileza, o mesmo cuidado. E é com esse mesmo cuidado que me convida a entrar, me faz sentir acolhida, como se a separação não tivesse sido longa – mais de três anos – e, quando entro na sala, que nem é a mesma de antes, mas continua elegante e confortável, eu me pego pensando: “ainda bem que voltei!”
Minhas sessões das segundas-feiras são curtas, às vezes difíceis, às vezes até doídas, mas sempre, sem exceção, transformadoras. E, enquanto eu saio da sala, desço no elevador e saio do prédio, não posso deixar de pensar em como tenho sorte de ter esses encontros semanais com essa pessoa tão rara, tão sensível e tão essencial a essa que é, certamente, a minha mais importante missão, e que deveria ser a mais importante missão na vida de todos nós: desvendarmos o mistério que somos, em busca de uma vida mais plena.
(Para Sônia e Anônimo)
2 comentários:
Ainda bem que voltou aqui também Dulce...
Querida Dulce
Fiquei emocionada com o seu texto! Você é uma pessoa especial e muito carinhosa !
Espero que possamos, juntas, encontrar os seus recursos para a criação de novos caminhos onde você possa se reconstruir em um espaço adequado a seu desejo e que seja transformado em fonte de felicidade.
Bjs e um excelente feriado!!
Sonia
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