DISCLAIMER
Este blog não tem pretenções literárias. Todos os textos postados aqui são produto de uma mente um tanto inquieta e, como tal, em constante busca de respostas para as inúmeras perguntas que teimam em surgir sem serem convidadas. Leitores que caírem, propositalmente ou não, nesta toca devem, portanto, abster-se de julgamentos de valor e tentar ler esses pequenos posts sem preconceitos...


quinta-feira, 28 de agosto de 2008

VILEZA

Como ela pôde fazer isso?? Não acredito que é minha neta! Essa não foi a educação que seus pais deram pra ela, e nem eu! Que vergonha, meu Deus, que vergonha. Por que fui entrar no banheiro??? Não, ainda bem que entrei, que peguei ela no ato, assim posso cortar o mal pela raiz. E sei exatamente como vou fazer isso. Vou pedir pra ela sair comigo ("vem, filhinha, vem com a vovó no supermercado", "legal, vó, vamos sim" - ela adora ir comigo no supermercado); vamos no supermercado da rua 12, não faz mal que é mais longe, digo pra ela que esse mercado é melhor que o da Mercedes. Na rua 12 tem o mendigo torto, ai Deus me perdoe, não posso chamar ele assim, afinal, é filho de Deus, deve ser horroroso ter nascido assim, todo retorcido, os dedos como galhos de julho, pra sempre fadado a esmolar, se arrastando pelas ruas com seus gambitos tortos... ah, mas ela não sabe que ele já nasceu assim! Garanto que posso convencer ela que ele ficou desse jeito porque fez "aquilo". Ela vai acreditar em mim, ela acredita em tudo que eu falo. Garanto, nunca mais vai fazer essa pouca vergonha.

Um comentário:

Anônimo disse...

Essa vilã em outros tempos inspiraria
Victor Hugo.Dá até pra imaginar a garotinha sendo arrastada pela Praça Parvis,as pedras do calçamento e um medo cinza-escuro.Parabéns.