DISCLAIMER
Este blog não tem pretenções literárias. Todos os textos postados aqui são produto de uma mente um tanto inquieta e, como tal, em constante busca de respostas para as inúmeras perguntas que teimam em surgir sem serem convidadas. Leitores que caírem, propositalmente ou não, nesta toca devem, portanto, abster-se de julgamentos de valor e tentar ler esses pequenos posts sem preconceitos...


quarta-feira, 4 de junho de 2008

Condutas de risco

Uma grande amiga minha escreveu recentemente em seu blog que minha estória "o quarto do espelho" a fez pensar nas escolhas que ela fez até hoje e até sobre questões dos papéis que ela tem assumido em sua vida. Além da honra e do incrível sentimento de realização que senti, pelo fato de algo que escrevi ter provocado tamanho impacto na vida de alguém de quem gosto, o texto dela, por sua vez, veio ao encontro de uma questão em que vinha pensando desde que vi um filme, no domingo, sobre a coragem de escolhermos nosso destino. O título original do filme é simplesmente "Michael Clayton", nome do protagonista. Como não poderia deixar de ser, o título em português tinha que ser mais "mercadológico", e a opção escolhida foi "conduta de risco". Mas, diferentemente de vários casos conhecidos, achei que desta vez a escolha do título foi feliz.

O herói Michael Clayton tem uma jornada extremamente difícil. Em dado momento do filme, tem que escolher entre continuar desempenhando um papel para o qual foi escolhido pela empresa onde trabalha, e receber dessa empresa um empréstimo que lhe salvará a reputação e, quem sabe, até a vida; ou seguir o caminho que um colega (mentor?) seu, pivô da trama, lhe apontou como sendo o caminho certo, e que ele sente em seu interior que é o que deve fazer, e perder o emprego, o empréstimo e a vida que levou nos últimos 10 ou mais anos. Em dado momento do filme, enquanto tenta convencer o colega a se internar em uma clínica para maníacos depressivos, ele diz a esse colega "Eu não sou o inimigo", e ouve em resposta uma pergunta, "então quem é você?". Perguntinha difícil de responder em qualquer circunstância, mas ainda mais difícil no caso do protagonista.

É claro que, como em todo bom filme hollywoodiano, o herói acaba optando por renegar o trabalho sujo que fazia para a empresa e, ao perder o emprego e o empréstimo de que tanto precisa, na verdade ganha algo muito mais precioso: a vida que ele realmente escolheu, com tudo o que isso implica, além da sensação inigualável de ter ajudado centenas de pessoas que haviam sido prejudicadas pela grande empresa de produtos agrícolas que sua firma defendia.

A jornada desse herói me fez pensar nas escolhas que fazemos e nos papéis que assumimos, normalmente por pressão de nossos pais, colegas, patrões, e da sociedade em geral, ou por medo mesmo, ou ainda por comodismo. Às vezes, sem mesmo nos darmos conta. E, mesmo que não tenhamos uma dívida de US$80.000 como Michael Clayton, nunca é fácil nos despirmos desses papéis e tomarmos as rédeas de nossas vidas (minha amiga que o diga!). Mas a recompensa, o elixir que vem com esse desnudar, quando finalmente assumimos o risco e conseguimos ser, nem que seja um pouco só, verdadeiros a nossa essência, certamente vale todo o medo que passamos no processo.

Nem sempre é fácil detectar quais são nossas condutas de risco. Na minha vida, até hoje, consegui perceber algumas; corri alguns riscos, e algumas vezes eles valeram a pena e voltei para casa com meu elixir. Outras são mais difíceis de assumir, mas continuo tentando.

E você, sabe qual são as suas condutas de risco?

P.S. É interessante notar que o ator do filme, George Clooney, que, embora lindo, nunca foi tido como bom ator, também assumiu uma conduta de risco ao deixar a câmera focalizar seu rosto por vários minutos na tomada final, enquanto a expressão do personagem ia lentamente se modificando para espelhar a transformação pela qual passara. Pessoalmente, acho que esse risco valeu a pena!

4 comentários:

Lu Faria dos Anjos disse...

Olá Dulce,

Tenho notado nesta última semana, uma certa conduta reflexiva, entre os blogueiros, no que diz respeito ao dinheiro.Será que a aproximação com a literatura, do ponto de vista da escrita, está despertando uma consciência da inquietação que ele provoca? Tanto a falta quanto o excesso dele, nos faz tomar atitudes de risco, como você bem pontuou. Creio que, em tempos de globalização, devemos refletir "quem manda em quem": ser humano ou dinheiro?
Tenho uma ótima indicação para essa reflexão.Se ainda não leu leia.

A "Selva do dinheiro" de Roberto Muggiati.
É uma coletânia de contos.Entre eles estão Allan Poe, Mupassant, Gogol, James Joyce, Tolstói e outros.
Fico por aqui,pois corremos o risco
disso não ser mais apenas um comntário e sim uma postagem do Blog. rsrsrs
Parabéns pela resenha!
Bjs
Lu Faria
Libélula

Eduardo disse...

Oi Dulce:
Já dizia um velho ditado que "Quem não arisca não petisca"
meu ver é necessário muito discernimento para dar um passo duvidoso.
Como religioso o que teria a dizer a quem me solicitsse algum conselho num caso de ter que tomr uma aitude de risco é:
" Busque primeiro o reino de Deus e omais vos será dado por acréscimo"

THMBdoN disse...

Veja a resposta ao seu post no meu blog :) Beijos

Cris disse...

Na verdade queria comentar o post de cima, não este, mas como não apareceu o link para mim, vai por aqui.

Acho fantástico a atitude de sair da zona de conforto! Parabéns! É assim que a gente cresce, aprende!

Dar-se a chance a você mesma de "estar viva" e, por vezes, de "andar no mar", é justamente fazer coisas novas, que nunca fez, para ver se gosta, ou não.

Acho difícil entender a diferença entre “se amar” e “ser egoísta”, pois respeitar-se e colocar-se no mundo como indivíduo não necessariamente é ser egoísta. Tudo depende do como e com que intenção as coisas são feitas.

Segundo as “leis universais”, são justamente os semelhantes (em temperamento/comportamento) que se atraem, não os opostos. Então, você e seu amor podem até não terem gostos parecidos para programas (sofá X terra), mas com certeza têm traços de temperamento e comportamento semelhantes (mesmo que não estejam claros, ainda), e é justamente esta quantidade de semelhanças o que faz ser possível a identificação de almas e a continuidade do relacionamento, apesar das vontades diferentes (facilmente resolvidas com alternâncias de programas: ora sofá, ora terra, rsrsrs). Do contrário, pessoas com mesmos gostos deveriam se amar naturalmente, e isto não é necessariamente verdade. ;-)

Fora isto, acredito que todos somos inteiros e diferentes. Não há nenhuma metade nossa perdida por aí (não somos laranjas!), nem ninguém igual a nós no mundo. Ou seja, não é só seu amor que é diferente de você, mas o mundo inteiro. E isto é MARAVILHOSO!!!

Portanto, fique tranqüila... diferenças de gostos não comprometem a continuidade de um relacionamento, quando este é baseado na troca mútua, onde ambos saem das suas zonas de conforto próprias para “crescerem” ( não em centímetros, é claro, rsrsrsrsrs). ;-)

Tomara que hoje vários namorados estejam por aí saindo das suas “zonas de conforto”. Parabéns a todos os “enamorados”! Aos “não-enamorados”, nada de roubar o menino de Santo Antônio amanhã! rsrsrsrs

Beijos e bom fim de semana Dulce-Alice!